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Resumos

O Brasil foi, recentemente, palco de um dos eventos esportivos mais importantes do mundo, a Copa do Mundo de Futebol 5️⃣ de 2014 e, em um futuro próximo, irá sediar os Jogos Olímpicos de Rio 2016.

Esses eventos podem ser considerados como 5️⃣ uma grande oportunidade para desenvolver a Ciência do Esporte no Brasil.

A Ciência do Esporte pode ser definida como o processo 5️⃣ científico utilizado para orientar a prática do Esporte, com o objetivo, em última instância, de melhorar o desempenho esportivo.

No entanto, 5️⃣ apesar deste objetivo, o consenso geral é que aplicação do conhecimento gerado pela Ciência do Esporte na prática ainda é 5️⃣ incipiente.

Este ensaio revisita o modelo para o desenvolvimento da Ciência do Esporte, proposto anteriormente por Bishop (1) 1 Bishop D.

An 5️⃣ applied research model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

, discute o cenário da Ciência do Esporte no Brasil e também aponta 5️⃣ para as perspectivas futuras.

As diretrizes do modelo revisitado, em conjunto com as discussões realizadas neste ensaio, podem ajudar o cientista 5️⃣ do Esporte a desenvolver estudos aplicados nos quais os resultados poderiam ser utilizados para orientar a prática e, possivelmente, maximizar 5️⃣ o desempenho esportivo.

Introdução

O Brasil vive um momento ímpar em relação ao Esporte, uma vez que sediou, recentemente, a Copa do 5️⃣ Mundo da FIFA (2014) e, em 2016, os Jogos Olímpicos serão realizados na Cidade do Rio de Janeiro.

As oportunidades associadas 5️⃣ a esses megaeventos são imensas nos mais diversos setores.

No âmbito da pesquisa científica, seria desejável que a realização dos eventos 5️⃣ esportivos mais importantes do mundo também impulsionasse o desenvolvimento da Ciência do Esporte no país.

Levando em consideração esse cenário favorável, 5️⃣ é imprescindível uma reflexão sobre a investigação científica no contexto do Esporte.

Assim, os objetivos deste ensaio são: revisitar o modelo 5️⃣ teórico para o desenvolvimento da Ciência do Esporte proposto por Bishop(1)1 Bishop D.

An applied research model for the sport sciences.Sports 5️⃣ Med.2008;38:253-63.

, apresentar o panorama da Ciência do Esporte no Brasil e discutir diretrizes e perspectivas futuras.

O que é Ciência do 5️⃣ Esporte?

A Ciência do Esporte abrange diversas áreas do conhecimento que visam entender e otimizar o desempenho esportivo.

A Ciência do Esporte 5️⃣ pode ser definida como o processo científico utilizado para orientar/guiar a prática esportiva, visando o alcance do desempenho máximo( 11 5️⃣ Bishop D.

An applied research model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

- 22 Bishop D, Burnett A, Farrow D.

Sports-science roundtable: does sports-science 5️⃣ research influence practice.

Int J Sports Physiol Perform.2006;1:161-8.).

A investigação no âmbito esportivo tem (ou deveria ter) como finalidade principal a utilização 5️⃣ do conhecimento científico, considerando a melhor evidência disponível, no ambiente apropriado, para um determinado atleta (ou grupo de atletas), com 5️⃣ intuito de maximizar o seu desempenho(1)1 Bishop D.

An applied research model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63..

Com relação ao papel do 5️⃣ cientista do Esporte, vale a pena destacar a recente definição proposta por Coutts(3)3 Coutts AJ.

In the age of technology, Occam's 5️⃣ razor still applies..

Int J Sports Physiol Perform 2014;9:741.

: "promover a inovação com a expectativa de que isso se traduza em 5️⃣ uma vantagem competitiva.

" Essa definição, apesar de simples, esclarece apropriadamente a função do cientista do Esporte.

Porém, se a definição do 5️⃣ papel exercido é relativamente simples, essa tarefa, por outro lado, é extremamente complexa.

A fim de se garantir que as evidências 5️⃣ sejam levadas a cabo no dia a dia de atletas, treinadores e profissionais envolvidos no contexto esportivo, é imperativo que 5️⃣ estudos bem delineados sejam conduzidos e os seus resultados sejam colocados em prática no cotidiano do Esporte( 11 Bishop D.

An 5️⃣ applied research model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

- 22 Bishop D, Burnett A, Farrow D.

Sports-science roundtable: does sports-science research influence 5️⃣ practice.

Int J Sports Physiol Perform.2006;1:161-8.).

Qual o impacto da Ciência do Esporte sobre o cotidiano do Esporte?

Esse questionamento acima incita o 5️⃣ velho dilema: teoria vs.prática.

Não somente na área do Esporte, mas também em outras áreas do conhecimento, parece haver um consenso 5️⃣ que a transferência do conhecimento científico para a prática ainda é muito baixa.

Um exemplo, na área das ciências da saúde, 5️⃣ que pode ser utilizado para ilustrar a presente discussão, é o da Psicologia.

Em um estudo recente(4)4 Gyani A, Shafran R, 5️⃣ Myles P, et al.

The gap between science and practice: how therapists make their clinical decisions.Behav Ther.2014;45:199-211.

, realizado na Inglaterra, 736 5️⃣ psicólogos responderam um questionário eletrônico sobre as suas condutas clínicas.

No referido estudo, foi constatado que a pesquisa científica tem pouca 5️⃣ influência sobre os processos de orientação teórica e tomada de decisão referentes à prática clínica, em comparação a outros fatores 5️⃣ (ex.

experiência clínica e supervisão).

Outra área que apresenta um cenário similar é a Enfermagem.

Ajani e Moez(5)5 Ajani K, Moez S.

Gap between 5️⃣ knowledge and practice in nursing.

Procedia - Soc Behav Sci.2011;15:3927-31.

conduziram uma revisão de literatura e reconheceram a existência de um "gap" 5️⃣ entre o conhecimento científico e a prática da Enfermagem.

Diante do referido cenário, estes autores apresentaram recomendações para minimizar a distância 5️⃣ entre a teoria e a prática.

Primeiro, 1) inserir os professores/educadores na prática clínica, com intuito de reforçar suas habilidades clínicas 5️⃣ e vivenciar o cotidiano do enfermeiro; segundo 2) promover o intercâmbio e a troca de experiências entre o professor/educador e 5️⃣ o profissional do campo (enfermeiro).

Nesse sentido, um modelo que vem sendo testado em algumas instituições, tem como base a contratação 5️⃣ de profissionais que são alocados nas duas posições (professor e enfermeiro) por determinados períodos de tempo.

O professor/educador atua como enfermeiro 5️⃣ durante um ano e o enfermeiro como educador no ano seguinte.

E finalmente, outra recomendação importante feita pelos pesquisadores é: 3) 5️⃣ reestruturar a formação universitária e estimular a educação continuada no ambiente de trabalho.

O aprendizado baseado em problema e a prática 5️⃣ baseada em evidência, incitando o pensamento crítico, são ressaltados como estratégias que devem ser mais incentivadas.

A relação entre a Ciência 5️⃣ do Esporte e os treinadores também foi objeto de investigação( 66 Williams J, Kendall L.

Perceptions of elite coaches and sports 5️⃣ scientists of the research needs for elite coaching practice.J Sports Sci.2007;25:1577-86.

- 77 Reade I, Rodgers W, Hall N.

Knowledge transfer: how 5️⃣ do high performance coaches access the knowledge of sport scientists.

Int J Sports SciCoach.2008;3:319-34.).

Apesar da crença de que a Ciência do 5️⃣ Esporte não atende as necessidades da prática, William e Kendall(6)6 Williams J, Kendall L.

Perceptions of elite coaches and sports scientists 5️⃣ of the research needs for elite coaching practice.J Sports Sci.2007;25:1577-86.

verificaram congruência entre cientistas e treinadores em alguns aspectos.

Ambos os grupos 5️⃣ têm a mesma percepção sobre a importância e a aplicação da pesquisa científica; concordam sobre a metodologia para determinar as 5️⃣ perguntas das pesquisas e convergem em relação às competências que treinadores e cientistas deveriam apresentar para atuar no âmbito esportivo.

Entretanto, 5️⃣ os treinadores acreditam que existe a necessidade de realizar mais pesquisas na área da Psicologia do Esporte.

Além disso, esses profissionais 5️⃣ destacam que esse conhecimento precisa ser divulgado de forma mais acessível.

Em outro estudo na área do Esporte, Reade et al.

(7)7 5️⃣ Reade I, Rodgers W, Hall N.

Knowledge transfer: how do high performance coaches access the knowledge of sport scientists.

Int J Sports 5️⃣ SciCoach.2008;3:319-34.

buscaram respostas para importantes perguntas relacionadas a esse contexto, aplicando um questionário estruturado composto por 33 itens, delineado para examinar 5️⃣ como o conhecimento produzido pela pesquisa em Esporte era transferido para os treinadores de elite no Canadá.

Duzentos e cinco treinadores 5️⃣ canadenses responderam ao questionário, reconhecendo a importância da ciência para o cotidiano do Esporte( 77 Reade I, Rodgers W, Hall 5️⃣ N.

Knowledge transfer: how do high performance coaches access the knowledge of sport scientists.

Int J Sports SciCoach.2008;3:319-34.).

Contudo, o resultado do estudo 5️⃣ também demonstrou a existência de lacunas entre as necessidades dos treinadores e o que tradicionalmente é pesquisado na área, especialmente 5️⃣ no que concerne aos aspectos técnicos e táticos( 77 Reade I, Rodgers W, Hall N.

Knowledge transfer: how do high performance 5️⃣ coaches access the knowledge of sport scientists.

Int J Sports SciCoach.2008;3:319-34.).

Os treinadores apontaram ser mais inclinados a buscar informação com outros 5️⃣ treinadores ou através de participações em conferências de treinadores, ao passo que os pesquisadores do Esporte e suas publicações foram 5️⃣ "ranqueados" em nível inferior como fontes de informação( 77 Reade I, Rodgers W, Hall N.

Knowledge transfer: how do high performance 5️⃣ coaches access the knowledge of sport scientists.

Int J Sports SciCoach.2008;3:319-34.).

As principais barreiras ressaltadas pelos treinadores para o acesso ao conhecimento 5️⃣ científico foram o tempo requerido tanto para identificar os artigos, quanto para lê-los( 77 Reade I, Rodgers W, Hall N.

Knowledge 5️⃣ transfer: how do high performance coaches access the knowledge of sport scientists.

Int J Sports SciCoach.2008;3:319-34.).

Além disso, a falta de acesso 5️⃣ direto aos pesquisadores foi destacada como outra importante barreira.

É importante destacar que esses países (Austrália e Canadá) encontram-se em outro 5️⃣ estágio nesta relação entre a Ciência do Esporte e o cotidiano de treinadores e atletas, em comparação ao Brasil, mas 5️⃣ mesmo assim, ainda enfrentam limitações na aplicação do conhecimento científico no contexto prático.

A dificuldade encontrada pelos treinadores, relatada nos estudos 5️⃣ anteriormente citados, referente ao acesso e leitura de artigos científicos precisa ser considerada.

Vale ressaltar que atualmente a principal forma de 5️⃣ divulgação científica é a publicação de artigos, geralmente, em revistas indexadas, com acesso relativamente restrito.

Esse fato dificulta o acesso à 5️⃣ informação por parte dos profissionais que atuam na prática.

Ainda há outro agravante para os treinadores brasileiros, pois grande parte das 5️⃣ publicações é realizada em língua inglesa, inclusive, por parte de vários pesquisadores brasileiros e seus grupos de pesquisa.

Esta questão, inclusive, 5️⃣ foi uma das principais motivações para a confecção desse ensaio, justamente no sentido de facilitar a disseminação das informações sobre 5️⃣ o modelo de investigação em Ciência do Esporte, proposto por Bishop(1)1 Bishop D.

An applied research model for the sport sciences.Sports 5️⃣ Med.2008;38:253-63.

(que gentilmente concordou em participar dessa releitura do seu modelo), utilizando a língua portuguesa.

Dessa forma, a barreira do idioma seria 5️⃣ minimizada, aumentando as chances de acesso ao conteúdo do modelo, por parte dos treinadores, atletas, estudantes de graduação, entre outros.

Se 5️⃣ por um lado (o dos profissionais do Esporte) o acesso à informação é uma limitação, do outro lado (cientistas do 5️⃣ Esporte) observa-se outro problema em relação à informação.

Recentemente Coutts(3)3 Coutts AJ.

In the age of technology, Occam's razor still applies..

Int J 5️⃣ Sports Physiol Perform 2014;9:741.

, ilustra em seu editorial, publicado no International Journal of Sports Physiology and Performance, o impacto do 5️⃣ avanço tecnológico sobre o cenário atual da Ciência do Esporte.

Esse pesquisador ressalta que na era da tecnologia, com a crescente 5️⃣ utilização de diversos dispositivos e equipamentos (receptores para o GPS, monitores de frequência cardíaca, acelerômetros, lactímetros, leitores de ELISA, etc), 5️⃣ os cientistas tem acumulado "toneladas" de dados e informações.

Entretanto, os mesmos não tem tempo para analisá-los, interpretá-los, e mais importante, 5️⃣ apresentá-los para a comissão técnica de uma forma que esses dados possam modificar positivamente a prática diária.

Coutts( 33 Coutts AJ.

In 5️⃣ the age of technology, Occam's razor still applies..

Int J Sports Physiol Perform 2014;9:741.

) ainda enfatiza que mesmo na era da 5️⃣ tecnologia, com todos os avanços experimentados, o "Princípio da Navalha de Occam" continua válido.

Para esse pesquisador, o uso de ferramentas 5️⃣ mais simples (como a Escala de percepção do esforço, por exemplo) pode fornecer informações tão válidas e valiosas sobre a 5️⃣ magnitude do esforço do treinamento quanto às disponibilizadas por outros equipamentos mais sofisticados.

Vale ressaltar que esses equipamentos e essas análises 5️⃣ são caros e nem sempre estão disponíveis para a comissão técnica na rotina do treinamento.

Atualmente, é possível afirmar que a 5️⃣ contribuição da Ciência do Esporte para orientação da prática no Esporte é ainda pequena.

Alguns dados disponíveis na literatura também sugerem 5️⃣ que a influência da Ciência do Esporte para a atuação de técnicos e preparadores físicos é insípida( 11 Bishop D.

An 5️⃣ applied research model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

- 22 Bishop D, Burnett A, Farrow D.

Sports-science roundtable: does sports-science research influence 5️⃣ practice.

Int J Sports Physiol Perform.2006;1:161-8.).

Possivelmente, a forma como as pesquisas têm sido direcionadas contribui também para a baixa transferência do 5️⃣ conhecimento gerado pelos pesquisadores do Esporte para a prática profissional.

Ou ainda, o modelo de pesquisa e os interesses plurais dos 5️⃣ pesquisadores, muitas vezes distantes das demandas e necessidades do cotidiano do Esporte, também dificultam a produção de conhecimento com potencial 5️⃣ de orientar a prática.

Nesse sentido, o desenvolvimento e a aplicação de modelos teóricos que direcionem as ações futuras e aumentem 5️⃣ as chances de contribuição efetiva para o Esporte são imprescindíveis.

Diante dessa necessidade, o primeiro objetivo do presente ensaio é revisitar 5️⃣ o modelo teórico para a pesquisa no Esporte.

Este modelo, proposto por Bishop11 Bishop D.

An applied research model for the sport 5️⃣ sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

, é constituído de oito estágios, que serão abordados brevemente nos próximos tópicos.

Modelo teórico para o desenvolvimento da pesquisa 5️⃣ científica aplicada ao Esporte

Em 2008, foi publicado um modelo teórico para o desenvolvimento de pesquisas no Esporte(1)1 Bishop D.

An applied 5️⃣ research model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63..

Este modelo, proposto por Bishop( 11 Bishop D.

An applied research model for the sport 5️⃣ sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

), será brevemente apresentado neste tópico.

A ideia central desse modelo é reduzir a distância entre o conhecimento científico e 5️⃣ a prática, visando assim, em última instância, contribuir com a melhora do desempenho esportivo.

Esse modelo contempla diferentes etapas.

As oito etapas 5️⃣ do modelo são: 1) caracterização do problema; 2) realização de pesquisas descritivas; 3) identificação dos fatores preditores do desempenho; 4) 5️⃣ experimentação dos preditores do desempenho; 5) determinação dos principais fatores preditores do desempenho; 6) realização de estudos de eficácia; 7) 5️⃣ avaliação das barreiras para adoção; e 8) implementação do conhecimento no ambiente esportivo real.

Fase 1 - Caracterização do problema

Para a 5️⃣ primeira fase proposta por Bishop(1)1 Bishop D.

An applied research model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

, o referido autor faz uma 5️⃣ importante consideração e ressalta que apesar de essa fase parecer óbvia e reconhecida como essencial pela maioria dos pesquisadores, é 5️⃣ possível encontrar na literatura diversos estudos que, ao contrário do proposto, tiveram back apostas esportivas origem baseada, exclusivamente, na conveniência da coleta 5️⃣ de dados e na possibilidade de publicação.

Esses estudos, portanto, não seguiram o modelo de pesquisa orientado para resolução de problemas.

O 5️⃣ modelo proposto por Bishop( 11 Bishop D.

An applied research model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

) sugere que o pesquisador compreenda 5️⃣ os problemas reais enfrentados por treinadores, preparadores físicos e atletas.

Nesse sentido, se possível, seria muito proveitoso que o pesquisador tivesse 5️⃣ vivenciado o Esporte em algum momento da back apostas esportivas vida.

O pesquisador também deveria considerar a experiência de treinadores e atletas, a 5️⃣ fim de priorizar os problemas a serem abordados.

Fase 2 - Realização de pesquisas descritivas

A grande maioria dos estudos disponíveis relacionados 5️⃣ à Ciência do Esporte apresenta caráter descritivo.

Bishop(1)1 Bishop D.

An applied research model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

acredita que, provavelmente, isso 5️⃣ tenha relação direta com a questão do fácil acesso aos dados, ao invés da orientação para resolução de problemas.

No entanto, 5️⃣ estudos exploratórios/descritivos são fundamentais para o levantamento de informações sobre as condições, nas quais o Esporte em questão é realizado, 5️⃣ sob os mais diferentes aspectos e dimensões.

Assim, após a identificação do problema (Fase 1), a realização de pesquisas descritivas poderia 5️⃣ fornecer suporte para as fases subsequentes do modelo.

Estas pesquisas, por back apostas esportivas vez, deveriam incluir estudos que tracem perfis e relatos 5️⃣ que descrevam o que efetivamente está acontecendo no âmbito específico (por exemplo, dados antropométricos, características fisiológicas e psicológicas, ingestão alimentar, 5️⃣ análise de movimento, rotinas de treinamentos, estratégias de recuperação, entre outros).

Bishop( 11 Bishop D.

An applied research model for the sport 5️⃣ sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

) ressalta que este tipo de pesquisa é a base para os próximos estágios, servindo também para incitar novos 5️⃣ questionamentos.

Além das pesquisas já realizadas, é pertinente reconhecer que ainda existem muitos dados não publicados neste estágio do modelo.

É importante, 5️⃣ portanto, que estas pesquisas continuem sendo desenvolvidas e os dados publicados, a fim de ampliar o panorama referente ao Esporte 5️⃣ em questão.

Além disso, é fundamental promover o maior acesso a estas informações, tanto por parte da comunidade científica, quanto dos 5️⃣ profissionais envolvidos no cotidiano do Esporte.

Entretanto, vale mencionar que muitos periódicos, por vezes, são resistentes em publicar este tipo de 5️⃣ pesquisa, estritamente descritiva, alegando baixa originalidade e contribuição para a área.

Essa resistência pode ser considerada uma ameaça ao desenvolvimento do 5️⃣ corpo de conhecimento da área da Ciência do Esporte, pois apesar da importância desse tipo de informação descritiva, pesquisadores podem 5️⃣ ser desestimulados, caso a rejeição para esse tipo de investigação seja elevada.

Os editores e revisores dos periódicos da área deveriam 5️⃣ entender e reconhecer essa particularidade do fenômeno Esporte, assim estes poderiam diminuir back apostas esportivas resistência, pois, é evidente que essas pesquisas 5️⃣ podem apresentar originalidade e contribuição relevante para a área.

Alguns importantes periódicos tem estimulado e valorizado esse tipo de publicação, por 5️⃣ reconhecerem a relevância dos dados gerados para o aumento do conhecimento relativo à Ciência do Esporte.

Essa sinalização indica, claramente, que 5️⃣ apesar de opiniões contrárias, estas pesquisas podem apresentar ainda grande contribuição para a área e trazer para a comunidade resultados 5️⃣ originais e pertinentes.

Por exemplo, recentemente, Moreira et al.

(8)8 Moreira A, Bilsborough JC, Sullivan CJ, et al.

The training periodization of professional 5️⃣ australian football players during an entire AFL season..

Int J Sports Physiol Perform 2014 Nov 18.

[Epub ahead of print].PMID: 25405365.

publicaram um 5️⃣ artigo intitulado "The training periodization of professional Australian Football players during an entire AFL season" no International Journal of Sport 5️⃣ Physiology and Performance.

O objetivo desse estudo foi examinar a periodização de atletas de elite de Futebol Australiano, durante diferentes fases 5️⃣ da temporada( 88 Moreira A, Bilsborough JC, Sullivan CJ, et al.

The training periodization of professional australian football players during an 5️⃣ entire AFL season..

Int J Sports Physiol Perform 2014 Nov 18.

[Epub ahead of print].PMID: 25405365.).

A referida investigação, de caráter descritivo, propiciou 5️⃣ estender o conhecimento acerca da carga de treinamento implementada ao longo de 45 semanas da temporada competitiva, de 44 jogadores, 5️⃣ com ênfase no relato sobre a distribuição do volume e intensidade de treinamento, características e tipos de sessões de treinamento( 5️⃣ 88 Moreira A, Bilsborough JC, Sullivan CJ, et al.

The training periodization of professional australian football players during an entire AFL 5️⃣ season..

Int J Sports Physiol Perform 2014 Nov 18.

[Epub ahead of print].PMID: 25405365.).

Além disso, foram descritas a carga resultante da participação 5️⃣ em jogos oficiais, as diferenças entre a carga de treinamento e a carga de competição por posição, as diferenças na 5️⃣ carga de treinamento semanal para distintos períodos de recuperação entre jogos, as zonas de intensidade de carga para os distintos 5️⃣ tipos de sessões de treinamento, entre outras informações importantes( 88 Moreira A, Bilsborough JC, Sullivan CJ, et al.

The training periodization 5️⃣ of professional australian football players during an entire AFL season..

Int J Sports Physiol Perform 2014 Nov 18.

[Epub ahead of print].PMID: 5️⃣ 25405365.).

Este tipo de pesquisa, por exemplo, pode auxiliar pesquisadores do Esporte, treinadores e preparadores físicos, a melhor compreender a periodização 5️⃣ do treinamento realizada em um dado Esporte, e assim, otimizar a back apostas esportivas organização.

Essa mesma abordagem poderia ser aplicada em outras 5️⃣ modalidades como, por exemplo, no Futebol, Futsal, Basquetebol, Voleibol, entre outros.

Esse tipo de informação poderia auxiliar, de forma considerável, o 5️⃣ avanço do conhecimento sobre as práticas de organização e monitoramento do processo de treinamento esportivo.

Fase 3 - Identificação dos fatores 5️⃣ preditores do desempenho (Estudos de regressão)

A segunda fase é fundamental, pois os achados descritivos poderiam apontar o caminho para a 5️⃣ solução dos problemas.

Já, a terceira fase envolveria pesquisa focada na melhor compreensão dos fatores que podem afetar o desempenho.

Via de 5️⃣ regra, essa fase é caracterizada pela investigação das relações entre variáveis preditoras e desempenho esportivo real.

No modelo proposto, estes resultados 5️⃣ seriam a base dos estudos subsequentes de caráter experimental; segundo Bishop(1)1 Bishop D.

An applied research model for the sport sciences.Sports 5️⃣ Med.2008;38:253-63.

somente após a identificação dos fatores específicos a serem modificados e as possibilidades para modificá-los, as possíveis intervenções poderão ser 5️⃣ planejadas e, assim, futuramente, implementadas.

É importante ressaltar que tais estudos não irão elucidar mecanismos de ação.

O foco dessas pesquisas seria 5️⃣ prover informações relevantes sobre os fatores que poderiam ser modificados para melhorar o desempenho esportivo real.

Conforme relatado por Bishop(1)1 Bishop 5️⃣ D.

An applied research model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

, quanto maior for a associação entre cada variável e desempenho esportivo 5️⃣ real, maior será a probabilidade de que qualquer relação observada seja causal.

Entretanto, é preciso analisar esses resultados com extrema cautela 5️⃣ e parcimônia.

É recomendado por Bishop( 11 Bishop D.

An applied research model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

) que os pesquisadores considerem 5️⃣ os intervalos de confiança e o tamanho da amostra.

Caso haja uma relação causal verdadeira, seria esperado que essas relações fossem 5️⃣ replicadas em outros estudos e com outras amostras, em condições e situações variadas.

Infelizmente, é improvável que isso ocorra.

Como resultado da 5️⃣ ênfase em "novas descobertas" adotada pela maioria dos periódicos, esta etapa crucial da replicação e confirmação dos resultados originais raramente 5️⃣ ocorre.

Mais uma vez, é fundamental conscientizar os editores e revisores dos periódicos da área sobre a relevância dessa replicação de 5️⃣ resultados.

Embora, aceitando a necessidade de incentivar a pesquisa original, os pesquisadores da Ciência do Esporte também deveriam tentar reproduzir os 5️⃣ achados anteriores em seus novos estudos (por exemplo, investigar e relatar as correlações identificadas anteriormente junto com os novos aspectos 5️⃣ de seus estudos).

Relações identificadas de forma consistente, alinhadas com o conhecimento existente e replicadas em diferentes condições e amostras, estão 5️⃣ mais propensas a estabelecer relação causa-efeito em ambiente real de treinamento e competição.

No entanto, mesmo se todo o exposto for 5️⃣ verdadeiro, os pesquisadores, em colaboração com treinadores e atletas, deveriam considerar explicações alternativas para as relações observadas.

Bishop(1)1 Bishop D.

An applied 5️⃣ research model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

aponta que estes dois últimos pontos exigem conhecimento teórico-prático sobre a área e os 5️⃣ fatores que poderiam influenciar o desempenho esportivo.

No entanto, é importante lembrar que mesmo quando todos os fatores acima são considerados, 5️⃣ os estudos de regressão apenas fornecem evidências de relações casuais.

A realização de estudos experimentais para testar essas relações deve ser 5️⃣ fomentada e desenvolvida nas seguintes etapas do modelo.

Existem vários exemplos de pesquisa no esporte que utilizaram a "fase 3" em 5️⃣ suas abordagens experimentais (estudos de regressão) que poderiam ser utilizados para ilustrar a fase em questão.

Por exemplo, o estudo publicado 5️⃣ por Vandorpe et al.

(9)9 Vandorpe B, Vandendriessche JB, Vaeyens R, et al.

The value of a non-sport-specific motor test battery in 5️⃣ predicting performance in young female gymnasts..

J Sports Sci 2012;30:497-505.

, no qual 23 ginastas do sexo feminino foram analisadas durante dois 5️⃣ anos.

O objetivo do estudo era identificar quais características eram relacionadas com o desempenho competitivo propriamente dito( 99 Vandorpe B, Vandendriessche 5️⃣ JB, Vaeyens R, et al.

The value of a non-sport-specific motor test battery in predicting performance in young female gymnasts..

J Sports 5️⃣ Sci 2012;30:497-505.).

Estas ginastas, de 7-8 anos de idade, completaram uma bateria de testes que incluía medidas antropométricas, testes físicos, testes 5️⃣ coordenativos e caraterísticas técnicas avaliadas pelos treinadores( 99 Vandorpe B, Vandendriessche JB, Vaeyens R, et al.

The value of a non-sport-specific 5️⃣ motor test battery in predicting performance in young female gymnasts..

J Sports Sci 2012;30:497-505.).

Os pesquisadores relataram que os testes de coordenação 5️⃣ motora se mostraram bons preditores do desempenho e discriminaram o nível das atletas(9)9 Vandorpe B, Vandendriessche JB, Vaeyens R, et 5️⃣ al.

The value of a non-sport-specific motor test battery in predicting performance in young female gymnasts..

J Sports Sci 2012;30:497-505..

A conclusão do 5️⃣ estudo, portanto, sugere que os testes de coordenação motora (gerais) podem ser importantes para a identificação precoce das ginastas( 99 5️⃣ Vandorpe B, Vandendriessche JB, Vaeyens R, et al.

The value of a non-sport-specific motor test battery in predicting performance in young 5️⃣ female gymnasts..

J Sports Sci 2012;30:497-505.).

Adicionalmente, é sugerido pelo estudo que estes testes poderiam ser utilizados nos processos de seleção, em 5️⃣ populações relativamente homogêneas de ginastas, as quais exibem perfis semelhantes, tanto no que tange aos aspectos antropométricos quando no que 5️⃣ se refere ao perfil físico( 99 Vandorpe B, Vandendriessche JB, Vaeyens R, et al.

The value of a non-sport-specific motor test 5️⃣ battery in predicting performance in young female gymnasts..

J Sports Sci 2012;30:497-505.).

A busca pelo avanço no entendimento do valor preditivo e 5️⃣ discriminatório de testes e medidas está amplamente associada aos objetivos da fase 3.

O conhecimento gerado nesta fase poderia ser utilizado 5️⃣ nas fases seguintes, notadamente, na experimentação dos preditores do desempenho.

Recentemente, uma pesquisa conduzida por Moreira et al.

(dados não publicados) investigou 5️⃣ a influência do nível de maturação, das medidas antropométricas e da aptidão física no desempenho em jogos reduzidos de 30 5️⃣ jovens jogadores de futebol, pertencentes a um dos mais importantes clubes de Futebol do Brasil.

A concentração de testosterona salivar, as 5️⃣ medidas antropométricas, o nível de maturação sexual e o desempenho em testes de potência muscular e resistência à fadiga foram 5️⃣ as variáveis independentes selecionadas.

A análise fatorial foi utilizada para identificar as variáveis mais representativas que poderiam ser utilizadas em uma 5️⃣ análise multivariada subsequente.

Para verificar a predição do desempenho técnico (múltiplas variáveis dependentes), utilizando-se das variáveis extraídas da análise de componentes 5️⃣ principais, uma análise de correlação canônica multivariada foi conduzida, considerando, portanto, dois "sets" de variáveis e não as variáveis isoladamente.

O 5️⃣ principal resultado do estudo foi a fraca relação entre o conjunto de variáveis formado pelo perfil hormonal, medidas antropométricas, nível 5️⃣ de maturação e desempenho físico e o conjunto de variáveis de desempenho nos jogos reduzidos.

Esses dados sugerem que os fatores 5️⃣ preditores utilizados no estudo não são suficientemente robustos para explicar o desempenho específico em jogos reduzidos de Futebol para esta 5️⃣ população.

Este resultado também sugere que para uma amostra homogênea de jovens jogadores, as características hormonais, maturacionais, antropométricas e físicas não 5️⃣ influenciam o desempenho nos jogos reduzidos.

Fase 4 - Experimentação dos preditores do desempenho

O quarto estágio do modelo envolve a verificação 5️⃣ dos fatores, previamente identificados na fase 3, e a busca pelo melhor entendimento da influência desses aspectos sobre o desempenho 5️⃣ esportivo.

Uma vez demonstrada a associação (fase 3), a condução destes estudos seria importante para determinar se essa associação é de 5️⃣ fato causal.

Tipicamente, este tipo de investigação envolve a manipulação de uma variável (durante a tentativa de controlar ou combinar as 5️⃣ outras variáveis) e a medição do efeito subsequente sobre o desempenho.

A realização de estudos randomizados, duplo-cegos (com uma condição placebo 5️⃣ ou controle) seria a condição ideal, quando possível, para esta finalidade.

No entanto, conforme explicado por Bishop(1)1 Bishop D.

An applied research 5️⃣ model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

, os resultados destes estudos também devem ser interpretados com cautela, pois é muito difícil 5️⃣ controlar todas as variáveis que podem influenciar as relações anteriormente observadas, particularmente no "mundo real" do Esporte.

Além disso, os resultados 5️⃣ podem ser específicos para a população avaliada, o que implica em uma análise com reconhecimento desta limitação.

Reconhecendo a possibilidade de 5️⃣ esses resultados expressarem somente uma resposta específica para determinado grupo, como por exemplo, nos estudos com uma equipe ou mesmo 5️⃣ categorias (faixas etárias distintas) de um mesmo clube, Bishop(1)1 Bishop D.

An applied research model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

ressalta que 5️⃣ estes dados deveriam ser analisados com parcimônia dada a dificuldade de se controlar todas as variáveis que podem influenciar as 5️⃣ relações observadas no "mundo real" do Esporte.

No entanto, Bishop( 11 Bishop D.

An applied research model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

) 5️⃣ destaca que é igualmente importante entender a relevância e pertinência desse tipo de investigação, bem como, as possibilidades de avanço 5️⃣ que os resultados destes estudos podem trazer para a área especifica.

Adicionalmente, a inclusão de condições placebo ou grupo controle em 5️⃣ experimentos no ambiente esportivo, é extremamente difícil de ocorrer e, considerada, por Stone et al.

(10)10 Stone MH, Sands WA, Stone 5️⃣ ME.

The downfall of sports science in the United States.Strength Cond J.2004;26:72-5.como antiética.

É razoável admitir que a proposição de Stone et 5️⃣ al.

( 1010 Stone MH, Sands WA, Stone ME.

The downfall of sports science in the United States.Strength Cond J.2004;26:72-5.

), considerando a 5️⃣ inclusão de condições placebo ou grupo controle como possivelmente "antiética", esteja relacionada ao fato do pesquisador, previamente, baseado em resultados 5️⃣ de pesquisas e experiências anteriores, levantar a hipótese de que um determinado protocolo de treinamento tenha grandes chances de induzir 5️⃣ incremento no desempenho e que a condição controle, por outro lado, apresente grandes chances de não afetar o desempenho.

A questão 5️⃣ central aqui, obviamente, é o quão ético seria propor a inclusão de um grupo controle, considerando o aumento do risco 5️⃣ para os sujeitos da amostra, que no caso, seria a estagnação ou deterioração do desempenho.

O quão ético isto seria? Qual 5️⃣ a chance real do pesquisador conseguir desenvolver este projeto em uma equipe de alto nível, que irá participar de uma 5️⃣ competição oficial ao final do experimento, ou mesmo, durante a condução do experimento? Será que uma alternativa não seria a 5️⃣ condução do experimento em diferentes equipes e a subsequente avaliação dos efeitos do modelo proposto sobre as variáveis e atributos 5️⃣ importantes para o desempenho, mesmo reconhecendo-se que não seriam comparados diferentes modelos de intervenção, mas sim, o efeito daquela intervenção 5️⃣ em uma amostra que efetivamente representa a população de interesse? Será que não é o momento da comunidade reconhecer a 5️⃣ importância deste tipo de estudo, ao invés de assumir que tal fato é uma "fragilidade" metodológica, por não contar com 5️⃣ o grupo placebo ou o grupo controle? Será que a manutenção desta forma de pensamento não limita o avanço da 5️⃣ Ciência do Esporte e ignora a natureza específica desta área?

Fase 5 - Determinação dos principais fatores preditores do desempenho

Esta fase 5️⃣ tem como objetivo determinar a melhor intervenção para alterar/influenciar o fator preditor escolhido.

Essa fase deveria ser fortemente orientada pelos dois 5️⃣ estágios anteriores, nos quais os fatores que afetam o desempenho foram identificados e testados experimentalmente.

Caso contrário, os pesquisadores podem fazer 5️⃣ um grande esforço de investigação (provavelmente até muito interessante) que estabelece o melhor método para alterar um fator que não 5️⃣ afeta o desempenho esportivo.

Bishop(1)1 Bishop D.

An applied research model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

ressalta que em muitos casos, uma linha 5️⃣ de pesquisa poderia ter início a partir dessa fase, uma vez que outros pesquisadores já tenham estabelecidos os principais fatores 5️⃣ que potencialmente afetariam o desempenho.

Esta fase poderia incluir a realização de muitos estudos controlados para determinar a melhor intervenção (frequência, 5️⃣ tipo, duração, etc) capaz de alterar o fator preditor de desempenho escolhido.

A palavra "intervenção" é usada em seu sentido mais 5️⃣ amplo e pode referir-se: à formação, à orientação nutricional, à alteração técnica, aos métodos de treinamento, etc.

Para Bishop( 11 Bishop 5️⃣ D.

An applied research model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

), pesquisas visando determinar os mecanismos causais responsáveis pelas mudanças nas variáveis 5️⃣ preditoras escolhidas também poderiam fazer parte desta fase.

Uma vez que a melhor intervenção foi identificada (frequentemente com base nos resultados 5️⃣ de muitos estudos realizados por diferentes grupos de pesquisa), os estudos de eficácia (fase 6) poderiam, então, ser realizados para 5️⃣ determinar o efeito da alteração de uma variável preditora no desempenho real.

Fase 6 - Realização de estudos de eficácia

Os ensaios 5️⃣ de eficácia podem ser definidos como testes para avaliar se uma determinada intervenção exerce efeito substancial (positivo ou negativo) sobre 5️⃣ o desempenho esportivo em condições reais.

Para Bishop(1)1 Bishop D.

An applied research model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

, os ensaios de 5️⃣ eficácia são caracterizados por rigoroso controle das variáveis, nos quais a intervenção padronizada é aplicada de forma uniforme e controlada 5️⃣ para uma população específica, homogênea e motivada.

Esta abordagem deveria incluir a seleção aleatória dos participantes, a atribuição aleatória de condições 5️⃣ e (se possível) o uso de placebos (idealmente duplo-cego) ou delineamentos do tipo cruzado.

Estudos altamente controlados, realizados em situações de 5️⃣ campo, também deveriam ser conduzidos neste estágio, uma vez que, a maioria destes estudos é realizada em um "ambiente artificial" 5️⃣ que inclue recursos (e restrições) que muitas vezes não estão disponíveis para treinadores e atletas.

Devido à padronização e controle rigoroso 5️⃣ dos ensaios de eficácia, qualquer efeito substancial (ou negativo) poderia ser mais fortemente atribuído à intervenção.

Essa abordagem reducionista (que isola, 5️⃣ remove ou controla outros fatores) tem contribuído muito para o avanço da ciência, a despeito da limitação do enfoque fragmentado 5️⃣ para a generalização dos resultados.

Estes estudos poderiam gerar resultados de pesquisas muito interessantes.

No entanto, essa pesquisa é muitas vezes criticada 5️⃣ por não ser transferível para o campo ou para o "mundo real".

Segundo Bishop(1)1 Bishop D.

An applied research model for the 5️⃣ sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

, a necessidade de controle rígido também poderia levar ao desenvolvimento de intervenções que têm uma menor probabilidade 5️⃣ de sucesso no "mundo real".

Esta fase é, portanto, essencial para avaliar intervenções potenciais no campo, mas por outro lado, os 5️⃣ pesquisadores, treinadores e atletas deveriam reconhecer back apostas esportivas limitação no âmbito da abordagem reducionista.

A investigação subsequente, particularmente para a fase 8, 5️⃣ é fundamental para determinar se o efeito da intervenção é suficientemente potente para fazer uma diferença na situação real.

Fase 7 5️⃣ - Avaliação das barreiras para adoção

Embora haja exceções, os pesquisadores muitas vezes não compreendem e não consideram muitas questões que 5️⃣ restringem/limitam o trabalho dos profissionais do Esporte.

Estes profissionais têm de lidar com lesões, nível de motivação, necessidade de recuperação, doenças, 5️⃣ calendário de competições, tempo insuficiente, falta de equipamento ou experiência para executar o programa como testado na situação experimental controlada.

Conforme 5️⃣ Bishop(1)1 Bishop D.

An applied research model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

explica, o estágio 7 visa, portanto, alertar para as barreiras 5️⃣ para aderir uma nova ideia.

Nessa fase é fundamental analisar os fatores que poderiam afetar a implementação de intervenções no campo 5️⃣ e estruturar estratégias para minimizá-los.

Uma recomendação que vale destaque, nesse sentido, para essa fase, é a adoção de uma estratégia, 5️⃣ cuja aplicação favorecerá uma análise mais detalhada e real sobre as barreiras que serão encontradas.

Por exemplo, a implementação de um 5️⃣ "projeto piloto", no qual os pesquisadores, treinadores e atletas possam "experimentar" os procedimentos e analisar o resultado em diferentes perspectivas.

Essa 5️⃣ abordagem poderia enfatizar a importância do projeto para os treinadores e atletas, esclarecendo quais seriam as possíveis vantagens da adoção 5️⃣ da estratégia investigada.

Esse tipo de ação poderia aproximar cientistas e treinadores, deixando claro que o objetivo final não seria somente 5️⃣ "coletar dados", mas auxiliar nos procedimentos e colaborar com a melhoria da qualidade do processo de treinamento como um todo.

Esse 5️⃣ cenário poderia favorecer a adoção do modelo de pesquisa, reduzindo as barreiras e aproximando os "atores" envolvidos no processo.

É preciso 5️⃣ alterar a visão dos profissionais do Esporte que os cientistas estão simplesmente "correndo atrás" de dados para suas pesquisas, bem 5️⃣ como, os cientistas precisam entender que a coleta de dados faz parte do processo, mas não é a principal finalidade.

Fase 5️⃣ 8 - Implementação no ambiente esportivo real

O último estágio tem como objetivo a implementação e a avaliação de uma intervenção 5️⃣ no cenário esportivo real.

Isto é, quão eficaz é a intervenção cientificamente comprovada (desenvolvido a partir das etapas anteriores), quando aplicada 5️⃣ à população alvo, dentro das limitações de tempo e recursos limitados, com níveis de conhecimento diferentes da comissão técnica e 5️⃣ as outras atividades realizadas pelos atletas? Os delineamentos metodológicos destes estudos podem conter maior variação de erro ou fontes de 5️⃣ viés, quando comparados às condições controladas.

No entanto, Bishop(1)1 Bishop D.

An applied research model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

acredita que os 5️⃣ resultados obtidos tendem a ser mais relevantes e com maior probabilidade de adoção pelos profissionais do Esporte.

Bishop(1)1 Bishop D.

An applied 5️⃣ research model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

ainda ressalta que as colaborações entre pesquisadores academicamente treinados e profissionais que têm experiência 5️⃣ com o trabalho de campo são essenciais para a realização dos estudos do "mundo real".

Tal colaboração deveria funcionar ao contrário 5️⃣ da configuração tradicional, na qual cientistas tendem a trabalhar em seus próprios domínios e não se comunicar bem com os 5️⃣ profissionais que possuem a experiência empírica.

Nesse sentido, Moreira(11)11 Moreira A.

Pesquisa, produção de conhecimento, implicações práticas: estamos avançando? Rev Bras Educ 5️⃣ Fís Esporte 2014;28:359.

enfatiza que os pesquisadores precisam se aproximar dos profissionais do Esporte, em diferentes instâncias (da iniciação ao alto 5️⃣ rendimento), buscando ser cada vez mais críticos com os dados coletados, fazendo perguntas de pesquisa, realmente, relevantes para a situação 5️⃣ em questão, contextualizando essas informações com o auxílio dos profissionais que vivem o dia a dia do Esporte.

Moreira( 1111 Moreira 5️⃣ A.

Pesquisa, produção de conhecimento, implicações práticas: estamos avançando? Rev Bras Educ Fís Esporte 2014;28:359.

) ressalta que desta forma seria possível 5️⃣ ampliar a utilidade da informação gerada, estreitar as relações com o "consumidor final" do conhecimento gerado na academia, garantir a 5️⃣ integridade da disciplina acadêmica e, ainda, manter a qualidade da produção científica na área.

Outro ponto importante que deve ser destacado 5️⃣ com relação a essa última fase está relacionado à interpretação dos resultados de testes de eficácia.

Alguns fatores potencialmente relevantes para 5️⃣ o desempenho poderiam não ser reconhecidos devido à aplicação incorreta da intervenção, às variáveis de confusão ou ao fraco nível 5️⃣ de aceitação/adesão dos participantes(1)1 Bishop D.

An applied research model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63..

FIGURA 1

Modelo para o desenvolvimento de pesquisa 5️⃣ aplicada, proposto por Bishop (1) 1 Bishop D.

An applied research model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

Aplicando o modelo de pesquisa

Além 5️⃣ de revisitar o modelo proposto por Bishop(1)1 Bishop D.

An applied research model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

, o presente ensaio 5️⃣ apresenta uma proposta de aplicação do mesmo no cenário nacional.

Conforme já mencionado, anteriormente, as diretrizes sugeridas por Bishop(1)1 Bishop D.

An 5️⃣ applied research model for the sport sciences.Sports Med.2008;38:253-63.

podem promover a aproximação entre o conhecimento científico e a prática.

Com base neste 5️⃣ modelo, recentemente, o nosso grupo de pesquisa realizou alguns estudos com referência ao Tênis.

Inicialmente, após identificar queixas referentes à redução 5️⃣ do desempenho em partidas com maior duração (Problema), por parte de treinadores e atletas, o nosso grupo conduziu um estudo 5️⃣ de caso com dois dos melhores tenistas brasileiros (simples) no "ranking" da ATP(12)12 Gomes RV, Coutts AJ, Viveiros L, Aoki 5️⃣ MS.

Physiological demands of match play in elite tennis.Eur J Sport Sci.2011;11:105-9..

O referido estudo teve como objetivo investigar as demandas fisiológicas 5️⃣ de tenistas durante a preparação para a Copa Davis de 2008.

Este estudo foi publicado no European Journal of Sports Science 5️⃣ ( 1212 Gomes RV, Coutts AJ, Viveiros L, Aoki MS.

Physiological demands of match play in elite tennis.Eur J Sport Sci.2011;11:105-9.

) 5️⃣ (Estágio de descrição).

Com base nas informações obtidas, o nosso grupo de pesquisa levantou questionamentos sobre as condutas nutricionais adotadas (ex.

hidratação) 5️⃣ e as estratégias de treinamento (padrão de intensidade e densidade das sessões de treinamento).

A partir desse estudo, na mesma linha 5️⃣ descritiva, o nosso grupo publicou outro estudo de caso na Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano (13)13 Coutts AJ, 5️⃣ Gomes RV, Viveiros L, et al.

Monitoring training load in elite tennis.

Rev Bras Cineantropom Des Hum.2010;12:217-20.

, que teve como objetivo determinar 5️⃣ a carga interna de treinamento durante sessões de treinamento e competição (Estágio de descrição).

Esta comparação entre as cargas de treinamento 5️⃣ e as cargas de competição foi utilizada pelo nosso grupo para investigar a especificidade do treinamento, servindo como "feedback" para 5️⃣ treinadores e preparadores físicos.

Nós também publicamos outro artigo na Revista Brasileira de Medicina do Esporte (14)14 Gomes RV, Ribeiro SML, 5️⃣ Veibig RV, et al.

Consumo alimentar e perfil antropométrico de tenistas amadores e profissionais.

Rev Bras Med Esporte.2009;15:436-40.

, no qual o perfil 5️⃣ antropométrico e a ingestão dietética foram analisados em tenistas amadores e profissionais (Estágio de descrição).

Após a análise da dieta, identificamos 5️⃣ a baixa ingestão de carboidrato por parte dos tenistas( 1414 Gomes RV, Ribeiro SML, Veibig RV, et al.

Consumo alimentar e 5️⃣ perfil antropométrico de tenistas amadores e profissionais.

Rev Bras Med Esporte.2009;15:436-40.).

Este dado nos levou a investigar o efeito da suplementação de 5️⃣ carboidrato sobre desempenho destes atletas.

Apesar da suplementação de carboidrato ser uma estratégia extremamente popular entre os atletas, poucos estudos investigaram 5️⃣ o efeito desta manipulação dietética no Tênis.

Além disso, os poucos estudos disponíveis apresentam resultados controversos.

Estes achados foram resumidos em uma 5️⃣ revisão de literatura e, posteriormente, publicados na Revista Brasileira de Medicina do Esporte (15)15 Gomes RV, Aoki MS.

A suplementação de 5️⃣ carboidrato maximiza o desempenho de tenistas?.

Rev Bras Med Esporte 2010;16:67-70..

Uma vez que o efeito da suplementação de carboidrato permanece controverso, 5️⃣ nós decidimos conduzir um estudo para verificar se a suplementação de carboidratos é capaz de influenciar respostas fisiológicas e o 5️⃣ desempenho de tenistas.

Esta investigação seguiu o modelo randomizado, duplo cego e cruzado, no qual os mesmos indivíduos jogaram uma partida 5️⃣ de Tênis por três horas, recebendo solução placebo ou solução de carboidrato, em duas situações diferentes (Estágio de experimentação).

Uma parte 5️⃣ destes resultados foi publicada recentemente no Journal of the International Society of Sports Nutrition (16)16 Gomes RV, Capitani CD, Ugrinowitsch 5️⃣ C, et al.

Does carbohydrate supplementation enhance tennis match play performance? J Int Soc Sports Nutr.2013;10:46.

e a segunda parte desse estudo 5️⃣ foi publicada no Journal of Strength and Conditioning Research (17)17 Gomes RV, Moreira A, Coutts AJ, et al.

Effect of carbohydrate 5️⃣ supplementation on the physiological and perceptual responses during prolonged tennis match play.

J Strength Cond Res.2014;28:735-41..

Nesses estudos, a suplementação de carboidrato 5️⃣ não afetou o desempenho dos tenistas, entretanto, o consumo da solução de carboidrato atenuou a secreção de cortisol em relação 5️⃣ ao consumo da solução placebo.

Os resultados desses estudos de experimentação foram utilizados para modificar as estratégias nutricionais dos tenistas na 5️⃣ prática.

O nosso grupo continua testando/investigando outras estratégias potencialmente ergogênicas para tenistas, visando implementar essas condutas na prática (Estágio de implementação).

Qual 5️⃣ é o cenário atual no Brasil e quais são as novas perspectivas?

O Esporte brasileiro há algum tempo vem se destacando 5️⃣ no cenário internacional, com resultados significativos em algumas modalidades esportivas.

Esses resultados foram conquistados pelo talento individual dos atletas brasileiros, os 5️⃣ quais são estimulados e motivados desde muito cedo a atingirem o alto rendimento esportivo, com o apoio de treinadores capacitados 5️⃣ e instituições voltadas para o suporte e incentivo destes atletas.

Apesar destes esforços, não existe no país um sistema de desenvolvimento 5️⃣ esportivo, direcionado para a detecção de talentos, monitoramento e aprimoramento desses talentos, visando à formação das futuras gerações de atletas.

Nesse 5️⃣ contexto, é imprescindível implantar um sistema de desenvolvimento do Esporte, que possibilite a integração do conhecimento científico e a prática, 5️⃣ desde a back apostas esportivas base até o rendimento máximo.

Para refletir sobre o Esporte, é preciso pensar além dos resultados competitivos.

É fundamental 5️⃣ analisá-lo como um fenômeno complexo, que sofre a influência de diversos aspectos sociais, educacionais e culturais tais como: histórico de 5️⃣ vida do atleta e de back apostas esportivas família, comissão técnica, apoio financeiro, infraestrutura de treinamento, suporte científico-tecnológico, entre outros.

Essa complexidade inerente 5️⃣ ao Esporte exige, cada vez mais, uma abordagem multi, inter e intradisciplinar, contando com diferentes áreas do conhecimento, para a 5️⃣ busca dos melhores resultados.

A competitividade do Esporte contemporâneo e a minúscula diferença que separa os principais atletas fazem com que 5️⃣ a investigação científica eficiente seja cada vez mais necessária.

Em alguns casos, foram demonstrados valores médios nos resultados entre os medalhistas 5️⃣ inferiores a 0,5%.

Nos Jogos Olímpicos de Sydney (2000), por exemplo, a diferença entre o tempo do medalhista de ouro etíope 5️⃣ Haile Gebreselassie e do queniano medalha de prata Paul Tergat foi de 0,005%.

O medalhista de bronze, o também etíope Assefa 5️⃣ Mezgebu, terminou a prova com uma marca apenas 0,04% abaixo do vencedor.

Tais dados ilustram o conceito de que a busca 5️⃣ pela excelência e a vitória nos Jogos Olímpicos passa pela observação criteriosa dos mínimos detalhes, que podem ser cruciais para 5️⃣ diferenciar os vencedores de seus pares.

Neste contexto, o conhecimento científico pode ser um fator decisivo para o aumento do desempenho 5️⃣ atlético.

No Brasil, um marco inicial para a valorização do Esporte foi a criação do Ministério do Esporte, em 2003( 1818 5️⃣ Ferreira RL.

Políticas para o esporte de alto rendimento estudo: comparativo de alguns sistemas esportivos nacionais visando um contributo para o 5️⃣ Brasil.

XV Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte; 2007; Recife, BR.Recife: CBCE; 2007.).

No entanto, Ferreira(18)18 Ferreira RL.

Políticas para o esporte de 5️⃣ alto rendimento estudo: comparativo de alguns sistemas esportivos nacionais visando um contributo para o Brasil.

XV Congresso Brasileiro de Ciências do 5️⃣ Esporte; 2007; Recife, BR.Recife: CBCE; 2007.

ressalta que em comparação a outros países (Alemanha, Austrália, China e Estados Unidos), o investimento 5️⃣ do governo brasileiro no Esporte é incipiente.

Ferreira( 1818 Ferreira RL.

Políticas para o esporte de alto rendimento estudo: comparativo de alguns 5️⃣ sistemas esportivos nacionais visando um contributo para o Brasil.

XV Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte; 2007; Recife, BR.Recife: CBCE; 2007.

) 5️⃣ ainda destaca que no Brasil não existe um instituto governamental específico para apoiar/fomentar o Esporte.

Na tentativa de suprir essa lacuna, 5️⃣ o Ministério do Esporte, por meio da Secretaria de Alto Rendimento, estabeleceu a criação de uma rede em parceria com 5️⃣ as universidades públicas e com o Comitê Olímpico do Brasil (COB), para a busca pela excelência esportiva( 1818 Ferreira RL.

Políticas 5️⃣ para o esporte de alto rendimento estudo: comparativo de alguns sistemas esportivos nacionais visando um contributo para o Brasil.

XV Congresso 5️⃣ Brasileiro de Ciências do Esporte; 2007; Recife, BR.Recife: CBCE; 2007.).

A rede de 14 universidades foi intitulada de Rede CENESP, cuja 5️⃣ atividade atingiu seu ápice nos Jogos Pan Americanos do Rio 2007 e nos Jogos Olímpicos de Beijing 2008.

O objetivo da 5️⃣ Rede CENESP foi fornecer suporte para o processo de avaliação e treinamento de atletas, com o uso de recursos materiais 5️⃣ (equipamentos e laboratórios de pesquisa) e recursos humanos das universidades, em diferentes regiões do país e do exterior.

No final de 5️⃣ 2006, o COB criou o Departamento de Ciência do Esporte, tendo em vista os Jogos Panamericanos do Rio 2007 e 5️⃣ os Jogos Olímpicos de Pequim 2008, que em conjunto com a Rede CENESP realizou acompanhamento periódico de 200 atletas da 5️⃣ missão brasileira em ambos eventos esportivos.

O objetivo do Departamento de Ciência do Esporte do COB foi fornecer apoio aos atletas 5️⃣ de modo aplicado, tentando estabelecer a conexão entre o conhecimento científico e os treinadores esportivos.

Além disso, novas tendências e tecnologias 5️⃣ utilizadas para maximizar o desempenho dos atletas foram investigadas, tendo como base o modelo australiano.

Essa aproximação e contextualização permitiram que 5️⃣ o Departamento de Ciência do Esporte do COB e a Rede CENESP realizassem testes e avaliações no campo de treinamento, 5️⃣ aumentando a especificidade e aplicabilidade dos resultados obtidos.

Essa iniciativa do COB em parceria com o Ministério do Esporte propiciou o 5️⃣ atendimento aos atletas com maior suporte científico.

A realização dos testes e avaliações com os atletas de elite, nessa última década, 5️⃣ também possibilitou a aproximação da Ciência do Esporte com os profissionais de campo, gerando conhecimento.

Contudo, esse ainda é o primeiro 5️⃣ passo do modelo, ou seja, a fase de descrição.

Agora, é preciso avançar, ordenadamente, para as fases de experimentação e implementação.

Dessa 5️⃣ forma, será possível buscar soluções embasadas no conhecimento científico, a fim de criar uma prática baseada em evidência.

Alguns pontos ainda 5️⃣ são barreiras para aproximar o conhecimento científico do contexto prático do Esporte brasileiro, destacando-se: o conflito de interesses entre os 5️⃣ pesquisadores e a comissão técnica (publicações vs.

medalhas), a morosidade da produção do conhecimento científico e o imediatismo inerente ao Esporte, 5️⃣ a inexistência de linhas de fomento à pesquisa destinada ao Esporte, a dificuldade na publicação dos resultados em periódicos da 5️⃣ área e a grande cobrança do sistema acadêmico-científico por publicações de alto impacto.

Com relação aos dois últimos tópicos, as pesquisas 5️⃣ que utilizam atletas como amostra são, frequentemente, criticadas pelo fato da amostra ser, relativamente pequena ou pelo fato do delineamento 5️⃣ experimental não seguir o modelo dos estudos randomizados-cruzados com grupo controle.

Mas, qual seria o grupo controle ideal para a Seleção 5️⃣ Brasileira de Futebol? Um grupo de universitários saudáveis que participa da "pelada" de fim de semana? Qual grupo de atletas 5️⃣ de elite aceitaria interromper a back apostas esportivas rotina de treinamento para ser utilizado como grupo controle? Qual comissão técnica aceitaria submeter 5️⃣ seus atletas a procedimentos experimentais cruzados durante a temporada competitiva? Em uma publicação sobre os desafios da Ciência do Esporte, 5️⃣ Stone et al.

(10)10 Stone MH, Sands WA, Stone ME.

The downfall of sports science in the United States.Strength Cond J.2004;26:72-5.

afirmam que 5️⃣ o delineamento experimental "pré vs.

pós-intervenção com grupo controle", frequentemente, utilizado nas pesquisas relacionadas aos benefícios do exercício físico no contexto 5️⃣ da saúde, não é factível no contexto do Esporte.

Segundo Stone et al.

( 1010 Stone MH, Sands WA, Stone ME.

The downfall 5️⃣ of sports science in the United States.Strength Cond J.2004;26:72-5.

) "atletas por definição são indivíduos únicos; portanto, conseguir um grupo controle 5️⃣ comparável seria quase impossível".

Logo, o tamanho da amostra sempre será restrito neste tipo de pesquisa e nem sempre será possível 5️⃣ compor o grupo controle apropriado.

Mais uma vez, é importante salientar essas especificidades da área para que os revisores e os 5️⃣ editores dos periódicos comecem a considerar essas "limitações" ao julgar este tipo de investigação.

Já no que concerne às linhas de 5️⃣ fomento para a pesquisa, duas iniciativas recentes precisam ser mencionadas, a primeira foi a escolha do tema para o XXVI 5️⃣ Prêmio Jovem Cientista (2012), "Inovação Tecnológica para o Esporte".

Posteriormente, a segunda foi o edital do CNPq (91/2013) "Seleção pública de 5️⃣ projetos de pesquisa científica, tecnológica e de inovação, voltados para o desenvolvimento do Esporte em suas diferentes dimensões".

Esse tipo de 5️⃣ iniciativa, por parte do CNPq, é fundamental para o desenvolvimento da Ciência do Esporte no Brasil.

Entretanto, essas ações precisam ser 5️⃣ mantidas e expandidas para outras agências de fomento.

Adicionalmente, cabe também ressaltar que a avaliação dos projetos e a pertinência dos 5️⃣ mesmos para as alíneas disponíveis devem ser aperfeiçoadas.

Os avaliadores destes projetos precisam ser orientados por um modelo centrado no desenvolvimento 5️⃣ da Ciência do Esporte, de fato.

O julgamento do mérito dos projetos enviados, portanto, deveria incluir uma perspectiva direcionada para o 5️⃣ desenvolvimento das pesquisas que tem como objeto de estudo o Esporte, visando maximizar o desempenho dos atletas.

É preciso encontrar mecanismos 5️⃣ que tornem essa análise mais eficaz, pois muitos projetos efetivamente associados à Ciência do Esporte podem ser preteridos, favorecendo a 5️⃣ indicação de outros projetos que, apesar de bem estruturados e importantes para a área da saúde como um todo, utilizam 5️⃣ somente o "esporte" como "pano de fundo".

A realização dos grandes eventos esportivos no Brasil levantou a necessidade de uma preparação 5️⃣ adequada de profissionais ligados ao Esporte, assim como, do desenvolvimento de áreas técnicas e científicas.

Diante dessa necessidade, outra ação, relativamente 5️⃣ recente, proposta pelo Instituto Olímpico Brasileiro (COB), foi a criação a Academia Brasileira de Treinadores (ABT), em meados de 2012.

O 5️⃣ objetivo da ABT, segundo o COB, é melhorar o sistema de preparação esportiva no país, preenchendo a carência na formação 5️⃣ do treinador esportivo de alto rendimento.

Essa é mais uma ação implementada pelo COB para tornar e manter o Brasil uma 5️⃣ potência olímpica.

Apesar do mérito da ação, é fundamental avaliar de forma continuada a real efetividade e eficácia da ABT.

Questões essenciais 5️⃣ deveriam ser alvo de avaliação, como por exemplo, se a prática do treinador está sendo realmente qualificada e se o 5️⃣ conteúdo desenvolvido na ABT está de acordo com as expectativas e, principalmente, com as demandas dos treinadores.

Adicionalmente, seria desejável avaliar 5️⃣ o efeito desta ação na Ciência do Esporte propriamente dita e se o seu desenvolvimento estaria sendo estimulado e aperfeiçoado 5️⃣ a partir desta ação.

De todo modo, não resta dúvida que o Brasil ainda está trilhando os primeiros passos na jornada 5️⃣ da Ciência do Esporte, mas é importante ressaltar que outros países já percorreram esses caminhos há muito tempo, utilizando o 5️⃣ suporte científico para o desenvolvimento do Esporte.

Estes países criaram centros de treinamento, nos quais atletas e seus treinadores trabalham com 5️⃣ cientistas direcionados, exclusivamente, a resolver seus problemas.

As perspectivas futuras, com a realização dos Jogos Olímpicos para o Brasil, ficam por 5️⃣ conta da estruturação de Centros de Treinamento, inseridos no contexto atual do Esporte nacional, com um planejamento a longo prazo, 5️⃣ no qual o conhecimento gerado possa ser padronizado e implementado em diferentes Estados do país, por núcleos de desenvolvimento e 5️⃣ aperfeiçoamento.

Além disso, têm sido discutida a criação de uma Universidade (ou Instituto Federal Tecnológico) do Esporte, utilizando as instalações construídas 5️⃣ para os Jogos Olímpicos Rio 2016.

Considerações finais

Não há garantia de que a aplicação deste modelo de investigação proposto irá melhorar 5️⃣ o desempenho esportivo.

No entanto, a abordagem do modelo apresentado estimula a construção do conhecimento científico, com maior chance de aplicação 5️⃣ prática.

Não reconhecer essa necessidade de aplicar o conhecimento gerado na prática, é algo similar a aceitar que engenheiros passem a 5️⃣ investigar somente questões pertinentes à Física e à Matemática, ou que médicos se preocupem única e exclusivamente com o conhecimento 5️⃣ e a investigação referente à Bioquímica ou à Biologia.

Portanto, assim como parece ser razoável admitir que estes pesquisadores devam conduzir 5️⃣ estudos com aplicação prática, também parece ser pertinente que os cientistas do Esporte conduzam, de forma eficaz, seus projetos de 5️⃣ pesquisa, possibilitando a integração entre a teoria e a prática.

Além disso, apesar dos avanços tecnológicos, as ferramentas mais simples, que 5️⃣ podem ajudar a responder muitos questionamentos da prática, não devem ser descartadas em detrimento da parafernália tecnológica.

É possível afirmar que 5️⃣ a Ciência do Esporte no Brasil ainda se encontra em uma fase embrionária, em comparação a outros países mais desenvolvidos.

No 5️⃣ entanto, vale destacar os importantes avanços alcançados na última década.

Para o futuro seria desejável a proposição de novas abordagens e 5️⃣ modelos para minimizar a distância entre ciência e a prática, a revisão/alteração do processo de formação dos novos pesquisadores e 5️⃣ profissionais do Esporte, a reciclagem dos pesquisadores e profissionais mais experimentes e o surgimento de políticas públicas de incentivo à 5️⃣ pesquisa no Esporte.

Essas ações conjuntas são fundamentais para facilitar o desenvolvimento da Ciência do Esporte no Brasil.

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